segunda-feira, 11 de junho de 2018



Este texto de Shakespeare deixa-me a pensar sobre a turbulenta fase da adolescência, em que, supostamente, mais se aprende sobre nós mesmos e o mundo em que vivemos. Idade, sem dúvida, que não significa maturidade. Por muitas vezes, temos tanta pressa de crescer e chegar onde ainda não estamos. Adiamos constantemente o que e quem poderíamos ser hoje, pensando que essa capacidade não está ainda ao nosso alcance. Quando que, na verdade, tudo depende de nós mesmos. A maturidade, tal como a nossa personalidade, depende das experiências por que passamos e como deixamo-nos afetar por estas.
 Nesta fase tão sensível das nossas vidas, dificilmente reconhecemos amor ou sabemos como amar. Estamos tão carentes por reconhecimento e atenção, que em vez de apreciar a outra pessoa por ela ser quem é, nós procuramo-nos nela. Preocupamo-nos com o que temos a dar e no que estamos a receber, sem levar em conta sequer os desejos e necessidades do parceiro. E achar que as pessoas por quem nos rodeamos estão lá para nos satisfazer e contribuir para a nossa felicidade, sem que nós tenhamos de retribuir de alguma forma. Isso deve-se muito ao amor incondicional que os nossos pais nos demonstram, em geral. Como não precisamos fazer nada de extraordinário para eles nos amarem ou como é da sua responsabilidade cuidar de nós, ajudar-nos e certificar-se de que somos felizes, sem termos que fazer o mesmo por eles. Mas tal não acontece em todas as restantes relações que construímos na vida, como amizades e romances. Essas pessoas têm essas mesmas necessidades de amor incondicional como nós e é, por isso, essencial contentarem-se a vez pelas carências uma da outra, aprendendo a dar com prazer, sem esperar receber de volta, a pôr os desejos de outros a frente dos nossos e a valorizar a felicidade dos outros no lugar da nossa, por vezes. Apenas com isto, conseguimos construir verdadeiras relações com outros, com significado e valor para nós. E com os outros que aprendemos mais sobre nós mesmos e como funcionam as relações humanas. Através de diversos relacionamentos, aprendemos sobre confiança, perdão, expectativas, moral, companheirismo, conexão emocional, intelectual ou física. E que todas estas diferentes experiências serão cruciais para fazer de nós quem somos e seremos no futuro, e, que, por isso, são todas, a sua maneira, importantes.
 Poucas são as pessoas ou os momentos em que nos apercebemos do quão livres realmente somos. Livres para sermos quem e o que quisermos, onde e como quisermos. E que é nesta vida e em um dia de cada vez que temos de aproveitar essas escolhas que fazemos. Vida esta, que pode parecer tão comprida ou tão curta quanto nós achamos ela ser, dependentemente de como lidamos com as nossas perceções e expectativas, consequências de decisões e paciência de as esperar. Por isso, é crucial entendermos como somos todos diferentes, com formas diferentes de lidar com as situações que a vida nos atira, e a respeitar e apreciar isso, porque nós esperamos e desejamos essa mesma compaixão dos outros quando lidarem connosco. Assim como é importante ganharmos noção de que não somos os únicos, não estamos sozinhos a passar por certas coisas, e, por isso mesmo, não merecemos tratamento excecional do universo. E assim, só podemos aproveitar o que temos e somos, no seu devido tempo, pois tudo sempre muda, se assim o quisermos. Maturidade vai, portanto, muito além de números e anos, e é sim uma perceção da realidade da vida e dos nossos valores e controlo de atitude sobre esta que cada um de nós tem.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Forçar inspiração

Com o novo ano finalmente organizei-me e decidi confiantemente dedicar tempo e forças aos meus projectos artísticos: este blog, já existente, e criei um novo focado noutro assunto. O que criei recentemente está a revelar-se uma fantástica experiência para a qual eu cada vez mais tenho mais ideias e projetos para desenvolver. Para o mais antigo, cujo conceito também adoro, delineei novos prazos realísticos para que resultassem em publicações mais frequentes. Mas não consigo cumprir com nem um. E o problema aqui não é a falta de vontade ou tempo, mas sim de criatividade. Escrever sempre foi uma paixão minha. Desde nova que lia e relia os mesmos livros até decorar cada pormenor do cenário o que me inspirava a inventar os meus próprios contos de fadas. Ainda hoje recordo me de todas as minhas melhores histórias e brincadeiras de criança. Era aquela aluna que nunca conseguia acabar as composições dos testes/exames pois ficava tão entregue à história que poderia continuar e escrever o livro inteiro. Guardava os rascunhos para depois continuar em casa, mas nunca tornava a pegar naquelas folhas. Talvez seja dessa falta de disciplina que hoje persiste a falta de inspiração. Os meus textos são carregados emoção. Cada palavra que anoto sabe me a uma facada que retiro do coração: liberta-me. Normalmente escrevo quando estou revoltada, abalada, embebida por alguma sensação, ideia ou evento. E isso eu não deixo acontecer com demasiada frequência. Esforço-me bastante por ser uma pessoa pacífica e paciente. E um dos métodos que adotei foi criar um diário. Prefiro a palavra inglesa journal, pois 'diário' remonta para os meus 8 anos, onde descrevia o itinerário do dia num caderno das princesas da Disney com um cadeado que até eu seria capaz de partir (tive mesmo um desses). E é onde eu mantenho registo dos meus pensamentos exatamente da forma como a minha mente funciona. Uma total desarrumação, mas plenamente eficaz para esvaziar a mente sobrecarregada e descomprimir. O problema parece ser que sendo assim fico sem tema suficientemente compacto para escrever longos textos apaixonados. Talvez se juntasse todas as pequenas espalhadas ideias que tenho ao longo do meu já segundo diário. O risco de isso constituir um livro inteiro é alto.
 Ainda que me esforcei. Fui publicando os rascunhos que aqui tinha guardados (eram uns quantos!); trabalhos que esperava sempre dar continuidade ou um toque final, mas, seguindo a ideia de publicar com mais frequência, postei na mesma resultando em coisas que não me satisfazem por completo. E é o que me acontece com maior frequência: vejo algo que desperta uma sensação ou desencadeia uma ideia, mas que não é suficiente para desenvolver ou simplesmente no momento não sou capaz de. Queria saber se isso também vos acontece e o que fazem contra? Como devo escrever algo que realmente sinta orgulho de regularmente sem forçar o assunto e os sentimentos? Gostaria mesmo muito de escrever com muita mais regularidade, pois é algo que me traz muito gosto e paz. Agradecia muito a vossa opinião e sugestões!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Tudo se resume a força de vontade

 As pessoas têm uma tão superior capacidade de inteligência emocional do que aquilo que talvez nem chegam a julgar. Requer esforçada disciplina mental e auto-confiança, mas é a única maneira de desenvolver quem somos e crescer. A idade adulta não é apenas um número e um aglomerado de responsabilidades, mas sim a chegada a um miradouro para a auto-reflexão. A partir de um muito mais abrangente ponto de vista ganhar perspectiva sobre o mesmo para depois melhor compreender o outro. De nada serve dizer "mas eu simplesmente não consigo" a não ser limitar-se e assim, por consequência, prejudicar-se. Compreendo perfeitamente como parece tudo demasiado grande, vago e complexo para se lidar com e é difícil perceber por onde começar sequer. Mas é um processo bem mais curto e fácil do que pode alguma vez soar. Eu, pessoalmente, gosto de usar para isso um bullet journal. Não é o seu intuito original, mas resulta maravilhosamente. Funciona como um manual sobre mim mesma que constantemente atualizo e re-leio vezes sem conta. Auto-conhecimento é das minhas maiores prioridades e frustra-me ouvir o desânimo das pessoas consigo mesmas. Claro que há sempre uma maneira de esse mesmo ser perfeitamente compreensível, mas não significa que é completamente justificável.
Por isso aqui deixo algumas das minhas páginas preferidas do meu bullet journal sobre auto-reflexão que espero vos inspirem a tirar algum tempo para entenderem afinal quem são.









    






               





domingo, 12 de fevereiro de 2017

Laranja

 Nunca fui de fruta. Era demasiada variedade de texturas e sabores para mim. Acho que nessas alturas só comia maçãs. E já era um esforço. Mas a partir de uns meses atrás toda a minha dieta mudou bruscamente. Deixei de ser tão picuinhas e habituei me a ingerir fruta no mínimo umas 3x ao dia. E foi assim que descobri laranjas. Não que nunca tivesse visto uma de perto, mas penso que foi a minha primeira iniciativa de comer uma completamente sozinha. E no meio do frio da Escócia que enchia aquele pequeno grande vazio apartamento, fazia me feliz. Muito feliz. Demasiado até. Sorria e ria à medida que o líquido sumarento escapava e escorria me pelos braços. Ficava verdadeiramente fascinada com os infinitos casulos de sumo que encontrava quando quase que encostava a cara ao gomo. Assemelham  se a um ninho de abelhas, na minha opinião, pelo jeito como é tão trabalhado e complexo.
Contei este estranho segredo ao meu namorado: "Devias de me ver comer laranjas; Fico tão feliz !"
Ele agora acha que adoro laranjas. Nem são o meu fruto favorito. Em casa ainda comia bastante fruta. Agora aqui..
Hoje tentei comer uma laranja. Levei a mesma meia hora a desfazê-la e procurei entre os gomos por todos aqueles saquinhos sumarentos. Não sorri, nem ri. Nem um pouco feliz me senti. O que eu adoro é a felicidade genuína e simples que aquelas laranjas me traziam, e não as laranjas em si.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Yellow

 Every day when I open my eyes I see it. The sun invades my mind lurking through the breaches of the roller blind whispering softly that the new day has begun. I do my best at getting up to open it and let the sunlight completely in so as to fully wake up. And there it is. Showing off all its colour reflecting the same yellow as of the sun. And immediately my eyes brighten up beginning almost automatically the search for him. I count the windows of the big squared building: seven, twelve, fifteen, almost there. I feel my heart's race speeding up gently. I could say my morning work out is done. But that idea of achievement rapidly fades away as I find the same grey breaches blocking my view. He hasn't woken up yet to catch his amount of golden sunlight. And I hope to dilute the taste of disappointment with a bitterer cup of coffee. As I push down a couple of slices of bread in the almost museum exhibition material beige toaster, I release a deep breath. Another morning, another day. I find myself walking down the same road, in the same neighbourhood, with the same destination as of every other day. I look up to the green leaves of the early spring trees to escape the imprisoning thoughts of the monotonous daily responsibilities.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Ding: novo post

 A geração de hoje em dia é demasiado apegada às redes sociais. Parece que as usamos para self-promotion. Para partilhar cada ação das nossas vidas e para quê? Para lhe dar mais significado? Para nos sentirmos menos sozinhos? Por mais pessoas que conheçamos na Internet não são elas que vão estar do teu lado te ajudando nos piores tempos. Eu acredito em todo o potencial da Internet. É uma fonte incrível e infinita de conhecimento e conecção. Mas devíamos mesmo aprender a usá-la com mais consciência então. Eu há uns anos atrás desisti por completo do facebook, por ser simplesmente demasiado para lidar com. São pedidos de jogos, fotos do jantar de desconhecidos, links para os artigos mais absurdos, promoções e mais publicidade e mensagens ridículas. Depois de ter voltado de morar abroad abri de novo, porque era uma das maneiras mais fáceis de manter contacto com todas as fantásticas pessoas que tinha conhecido sem a pressão de uma conversa constante. Um simples like e eles sabem que ainda te lembras deles com carinho. Mas raramente visito o site pelas mesmas razões que acima citei. Entendo quão fácil é cair no perigo do vício. Eu confesso que estou viciada no instagram, por ser de fácil uso e uma constante fonte de inspiração. Mas admito que não o uso sempre só por isso. Deixámo-nos levar pelo uso inconsciente e já automático das tecnologias. Perde a sua magia assim. E torna-se algo que invade e toma controlo do nosso precioso tempo. Há que retomar as rédeas.

domingo, 25 de setembro de 2016

 O que é que nos faz viver?
 Tantos já tentaram responder a essa questão e ainda aqui estamos séculos depois sem resposta. Inventámos cultos, recompensas de pós-morte, forças energéticas, termos psicotécnicos, números científicos e terapia melodiosa. Eu continuo por satisfazer. Ou sou demasiado céptica para pertencer a esta sociedade ou a busca ainda não chegou ao fim. Tudo o que vejo foi criado pelo Homem e no entanto procuro algo que exista para além dele. Realmente, soa a mitos e lendas. Mentiras, o termo correto. Mas será que conhecemos algo para além de? Quais são as verdades que chegamos até hoje? Até o próprio conceito de tempo...tão tomado por garantido hoje já foi uma ideia escandalosa. Uma máquina que não pertencia a esta realidade e que agora decora os nossas pulsos. É meramente essa função: decoração. Quem se preocupa com o tempo a passar hoje em dia? Cada um tem a sua perspectiva do Carpe Diem e do YOLO, mas como saber aproveitar a vida sem conhecermos o seu propósito? Vivemos numa bolha de regras e desprezo por aqueles que se encasulam no dogma. Como discernem o bom, o puro e o certo? Quem vos ensinou a derramar amor dessas máquinas que se limitem a bombear sangue para essas vossos restantes membros? Como se atrevem? Não são ninguém! Ninguém é alguém. E como ser alguém nesse mar de robôs todos idênticos?  Como te distingues dos cegos que caminham somente em frente? Onde reencaminhas o sangue ardente que sai desse coração apaixonado para a vida? De que serve o dia a dia num meio de um álbum fotográfico de memórias inesquecíveis? Será isso que nos faz viver? Agarro a minha máquina e vou buscar a vida.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Slipping through my fingers

 Eu amo-te. Eu não te quero perder. Eu não quero perder este sentimento. Eu não quero um dia passar por ti na rua e sorrir-te constrangidamente. Eu não quero deixar de me perder no teu olhar. Não quero que deixes de sonhar comigo. Fica comigo. Fica aqui dentro do meu coração. Não vás, não te afastes. Não deixes esfriar o teu lugar. Acho que congelará se o deixares vazio.
 Não me abandones. Ficarei na escuridão sem o brilho dos teus sonhos e o reflexo do teu sorriso, pérola da minha concha que para sempre se quer manter fechada. Não permito que este veneno te tinja! Que nada deixe nódoa nesse puro branco teu. Papel fresco em que só eu posso escrever. E lá de vez em quando permito outro alguém ler. Mas só para perceberem o quão felizes somos. Neste livro que quero que nunca acabe. Continua a narrar que não cansarei de escrever. A nossa história não tem fim. Só pára para adormecer no teu beijo profundo. Abismo sem fim. Não me deixes sair.

domingo, 15 de maio de 2016

Procrastination

 I write. Words and ideas flow easily and join together beautifuly. Stories appear out of nowhere and almost like melodies are played in my head. So much noise, and then right in the middle of nowhere, it stops. Simply no more ideas, no more words. It ends. And there is silence again.

terça-feira, 3 de maio de 2016

Porque é que sempre que sonho contigo não consigo ver a tua cara? Será algum sinal? Será demasiado bom para ser verdade? A verdade é que a única vez que te vejo nos meus sonhos é enquanto sonho acordada - quando os controlo minimamente, se é que posso afirmar tal proeza. Gosto de pensar que não consigo sonhar contigo porque já estou a viver nesse sonho. Estar contigo na realidade é o sonho. Só não sei até que ponto isso é realmente realístico.